Meu primeiro trabalho como freelancer foi em 2004, e lembro como eu tinha dificuldade para fazer a parte "não técnica" do serviço (atendimento, comercial, etc.). São muitos os desafios para quem quer trabalhar de forma autônoma / formar uma equipe, provavelmente você já passou por alguns como a dificuldade de orçar corretamente, mensurar prazos e formar uma equipe qualificada.
Já escrevi sobre algumas dificuldade que tive no post sobre importância dos "sobrinhos" para o mercado de internet e como não desvalorizar seu trabalho.
Hoje quero compartilhar algumas dificuldades que tive quando os projetos exigiam contratar ou gerenciar outros profissionais. São algumas dicas que podem te ajudar a não errar em alguns aspectos que eu errei.
Vale a pena ressaltar que não sou nenhum expert em RH, empreendimento ou gerência de pessoas – mas já "dei meus pulos" e quero compartilhar meus erros e acertos com os leitores. 🙂
Senta que lá vem história, listarei alguns empreendimentos que participei junto com as lições que tirei de cada um.
Era uma vez…
Caso 1: Coletivo de design
Em 2005 tentei criar um "coletivo" junto com um colega de faculdade, nós dois trabalhamos em alguns projetos juntos (freela) e nossa idéia com a criação do coletivo era distribuir melhor os trabalhos e conseguir desenvolver projetos de maior complexidade.
Ainda considero a idéia boa: um grupo de profissionais (freelancers) com habilidades diferentes para atender demanda de produção abaixo de uma marca única.
Pontos positivos: conseguir fazer projetos variados (e maiores) com qualidade (equipe com especialistas) a custo reduzido (sem custo fixo de escritório, funcionários, etc).
O que deu errado: inexperiência em administração e falta de equipe responsável pela parte comercial e atendimento. Conseguimos levantar um banco de dados com bons profissionais, mas tivemos dificuldades em captar clientes e manter qualidade no atendimento.
Lição 1 – Você não pode fazer tudo
Na época eu não aprendi isso (você vai ver que errei neste mesmo ponto posteriormente). Você pode ser bom em várias coisas, mas você não irá conseguir executar todas as tarefas ao mesmo tempo – e sua empresa precisa de várias coisas sendo feitas.
Não tente carregar todo o projeto sozinho
Foto por cam17
Mesmo com um sócio a divisão de tarefas estava complicada, deveríamos ter focado em vender e gerenciar e deixar outros profissionais cuidarem do desenvolvimento dos projetos.
Não tente abraçar o mundo sozinho, se você pode delegar uma tarefa a alguém competente, faça isso.
Caso 2: Hospedagem
A maioria dos desenvolvedores que conheço são responsáveis pela hospedagem de sites de clientes, achei que poderia ser boa a idéia de vender o serviço a parte.
O que deu errado: se o coletivo com um sócio não deu certo pelo excesso de trabalho, você acha que sozinho eu iria conseguir? A falha foi quase a mesma da tentativa anterior.
Com esse projeto aprendi que tocar um projeto sozinho é muito difícil, lição que deveria ter tirado do fracasso anterior.
Lição 2
Bom atendimento é muito importante. Deixe alguém que sabe o que fazer cuidar disso.
Caso 3: And After
Neste projeto a pressão era menor, era um projeto pessoal de site colaborativo sobre design e tecnologia. O projeto mudou e cresceu bastante (é onde você está navegando!), mas também não foi feito sozinho.
Aproveitei o TCC da @biab sobre web 2.0, suguei o que podia de conhecimentos e informações sobre colaborativismo que ela tinha e junto pensamos em um sistema de auto-organização, meritocracia e colaborativismo que resultou na primeira versão do And After.
O projeto deu certo pela liberdade que tinha – e porque a Bia ajudou bastante na concepção de tudo, eu cuidei do desenvolvimento. Com o tempo o conteúdo começou a ser gerado por mais colaboradores, o que permitia dedicar mais tempo a mudar o sistema (que foi refeito usando PHP + Code Igniter).
Tenha por perto pessoas que você confia
Foto por Joi
Eu e @biab temos idéias diferentes, enquanto eu levantava algumas questões sobre a monetização do site, inclusão de áreas de publicidade ela focava em questões como usabilidade e navegação. Graças as idéias diferentes e muitas horas de debates e argumentação, conseguimos fazer o site se sustentar e ainda assim ter uma navegação fácil.
O que deu certo: o projeto não precisava dar lucro, não tinha prazo específico de entrega e eu tinha bastante liberadade para novas implementações e definir prioridades.
Caso 4: Eu Compraria! Shop
O Eu Compraria! Shop confirmou algumas coisas que aprendi com o And After. É um "filho" do projeto colaborativo, que virou lançou um e-commerce (e estamos lançando uma loja só de camisetas) – a @biab é minha sócia e o projeto também teve pesquisa como embasamento, foi resultado do TCC da Bia na pós em Arquitetura da Informação.
Porque deu certo: Divisão de trabalhos, foco na qualidade do atendimento e sistema que facilita a compra. Inovação na captação de recursos (começamos vendendo apenas um produto por dia, por questões técnicas e financeiras) e hoje a loja se sustenta e tem uma variedade enorme de produtos.
Lição 3 e 4
Eu e a Bia sempre tivemos divergências de pensamentos, nossos debates são um saudável cabo de guerra de idéias: eu puxo a corda para o lado do capitalismo agressivo, enquanto a Bia é mais "romântica" e idealista. Se você quiser acompanhar alguns "debates" é me seguir no twitter (@gserrano) e seguir a Bia (@biab).
Procure pessoas com pensamentos e formações diferentes para compor sua equipe, mas é importante que elas tenham a cabeça aberta para ouvir e tentar entender idéias diferentes das suas.
Trabalhe apenas com quem você confia. Não basta confiar no trabalho, procure confiar na pessoa que está trabalhando contigo. Se você não consegue confiar em uma pessoa evite trabalhar com ela.
Caso 5: Projetos autônomos
Conheço o @chrisbenseler a bastante tempo, desde que vinha para São Paulo apenas para ver a Bia e encher a cara no Pé Pra Fora (recomendo o "frango a passaralho" se você não tiver pretensões pra noite) com o pessoal da MM Café.
Mudei para São Paulo e o Chris passou a ser meu chefe e amigo, hoje não trabalhamos mais juntos (em horário comercial, haha) mas tocamos alguns projetos em parceria, e cito ele pois se encaixar muito bem na última "lição" deste post: procure pessoas com competência e comprometimento.
Lição 5
Comprometimento sem competência é quase tão ruim como competência sem nenhum comprometimento.
Procure pessoas competentes e comprometidas, eles vão fazer sua empresa / projeto dar certo e vão te avisar antecipadamente quando de riscos que você corre – isso vai dar tempo para correções em problemas que ainda irão acontecer.
Talvez você já tenha passado por situações parecidas (e cometido alguns erros que cometi), que dicas você pode adicionar aos posts? Compartilhe sua experiência nos comentários!
Deixe um comentário