O povo está preparado para o design?

Muita gente afirma que o "povo" não está preparado para o design, que os clientes não sabem valorizar o trabalho, que gostam de coisas que não são tão funcionais como deveriam e normalmente optam pelas famosas "gambiarras" em projetos, o que explica o sucesso de muitos "sobrinhos" por aí.

Mas será que a pergunta correta é essa mesmo? Será que é o povo que não está preparado para o design ou o design que não está preparado para o povo?

Essa coisa de design elitista não é legal, e vai totalmente contra a "melhoria de mercado" que muitos pregam. Conscientizar clientes, sim, sou a favor e acho necessário.

O ser humano (especialmente os Y's) tem a mania de estar sempre certo, o que é coisa muito ruim para quem lida diretamente com o público. E quem trabalha com design sabe que tem que estar diretamente ligado com o cliente e seu negócio.

Como lidar com clientes os clientes-artistas que querem "gambiarras" ou adoram palpitar sobre o que está sendo feito?

Não da pra bota uma sombra aqui? E uma animaçãozinha? Estica a logomarca para ocupar esse espaço todo, pode esticar só na horizontal mesmo.

Clientes artistas

Claro, eles aprenderam com todo o seu empirismo que quanto maior estiver a marca, melhor! Independente da deformação que isso vai causar, ou do desconforto visual. Aprenderam como?

Primeiro é preciso esquecer a máxima "o cliente sempre tem razão". Não, ele não tem, pois se ele soubesse como tem que ser feito não pagaria para que você o fizesse, certo? Abaixo uma citação do Sérgio, quando fala sobre a experiência que clientes adquirem em outros sites, de qualquer tipo e…

Ao navegar, o cliente colhe alguns recursos, algumas características dos sites que acessa e, de alguma forma, passa a desejar ver estes mesmos recursos em seu site, mesmo que sejam completamente incompatíveis com suas necessidades e os objetivos do projeto.

Sérgio Mari Jr – Webinsider

Infelizmente, tem dessas. Leia e tera uma pequena noção do que clientes são capazes. Piada para uns, desespero para outos Deathsign. Quem nunca passou por um cliente murrinha não é designer, não sentiu o gostinho do sofrimento, raiva e desespero que é não conseguir argumentar frente ao desconhecimento alheio.

E o segredo está realmente na argumentação. Vou citar novamente o Sérgio:

"temos que nos preocupar também em orientá-lo, em conscientizá-lo sobre a inadequação de algumas soluções no contexto em que se pretende aplicá-las"
Sérgio Mari Jr

Confesso que algumas vezes eu já desisti. Conversei com o cliente, falei que o trabalho não estava satisfatório, que a usabilidade não estava boa e aquela não era a melhor opção e… não teve jeito. Ele egostou, e para ele "gostar" (e piscar, arrodiar, girar, fazer barulho) era o suficiente para o projeto estar bom.

Tudo bem, o contrato estava assinado, um terço do projeto estava nomeu bolso e o restante viria no decorrer do desenvolvimento. No contrato constava que a aprovação do layout dependia exclusivamente do cliente (justo, o pagamento também depende dele). O site foi feito, com desgosto mas profissionalismo que tive que arrumar não-sei-daonde.

Resultado? Quatro meses depois ele me liga, na busca para refazer o projeto. E aí eu posso até ter passado por "mal designer", mas benzadeus, eu sei o que eu passei para fazer aquilo.

Se eu aceitei? Não.

Assim como não assinei o projeto anterior, não aceitei este. O motivo não foi apenas a experiência anterior, confesso que gostaria de uma nova chance. Mas estava com outros projetos em desenvolvimento e achei melhor não dar um passo maior que a perna.

Daquela vez falhei. Porém a experiência (mesmo que negativa) foi uma experiência. Muitas vezes a educação do cliente é mais complicada que o projeto em si. Persistam. E se realmente não tiver mais jeito, finalizem o projeto o quanto antes e recomendem para o cliente o maior arquiinimigo de vocês. (Ok, isso foi uma ironia nada profissional.)


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