Programador e empreendedor? Cuidado!

Desde cedo me interessei por formas de ganhar dinheiro, meu primeiro “emprego” foi com 13 anos para comprar uma bicicleta. Já contei algumas aventuras como empreendedor no texto 5 lições que o fracasso me ensinou, recomendo a leitura.

Acompanho sempre a lista “Startup Brasil” e algumas outras sobre empreendedorismo e percebo que muitas vezes é comum a idéia partir de um desenvolvedor para iniciar uma empresa, e por fazer parte deste grupo de pessoas, venho compartilhar mais alguns erros que cometi e talvez sejam comuns a outros programadores que pretendem construir empresas e não sistemas.

Aprendi esse framework novo…

Acho que o erro número um dos programadores é focar na tecnologia ao invés de focar no negócio. Normalmente bons desenvolvedores são fascinados por novas tecnologias, famintos por conhecimento e gostam de aplicar este conhecimento em seus projetos. Com um ambiente de startup (time enxuto para resolver todos os problemas imagináveis) a parte de TI, principalmente, deve simplificar ao máximo as soluções desenvolvidas e isto normalmente não exige o último “buzz” da tecnologia. 

O meu pensamento sempre foi “se existe uma solução melhor, devemos aderir”. Surgiu uma solução nova, ou um servidor mais rápido? Calma. Qual o motivo para aderir?

Com este pensamento de buscar sempre o melhor eu já migrei de linguagem, já refatorei códigos mal escritos, já troquei de servidores e fiz várias coisas fantásticas do ponto de vista tecnológico. Estas maravilhas custaram várias horas-homem, me trouxeram um crescimento técnico enorme e uma satisfação pessoal que não tem preço. Porém, muitas delas tiveram um impacto irrelevante de curto prazo no negócio.

Leia também: O que define um empreendedor?

Do meu ponto de vista, a partir do momento que você decide empreender os resultados do negócio são sua métrica mais importante, principalmente quando você tem um time pequeno para resolver muitos problemas. As vezes você não tem a melhor solução tecnológica para o que precisa fazer, mas qual o real benefício para o negócio (não para seu ego como desenvolvedor, nem milisegundos em performance) você melhorar esta solução vai trazer para o seu negócio? Terão mais vendas? Reduzirá seu custo com manutenção? Com atendimento?

Quando eu era mais novo questionava algumas decisões de negócio nas empresas que trabalhei, “como assim, vocês querem que eu faça esta gambiarra?”. Hoje, estando do outro lado, entendo que algumas decisões aparentemente ruins são necessárias.

O caminho do meio

Não estou falando que adotar o Xtreme Go Horse é a solução para os problemas do empreendedor ou CTO, estou escrevendo para alertar para erros que já cometi, e alguns sem dúvida voltarei a cometer. Todo o desenvolvedor que eu conheço tem o que eu chamo de “ego de desenvolvedor”, acho que é natural da raça humana. Mas para testar, fale para seu colega do lado que você viu o último commit dele e pede se você pode refatorar umas coisinhas que ele fez. Se ele é um bom profissional ficará curioso para aprender, mas também ficara inquieto para saber “onde errou”.

No Eu Compraria! nós tomamos uma decisão difícil (e questionada por muitos) de trabalhar em cima de uma plataforma própria para e-commerce ao invés de utilizar soluções prontas. No primeiro ano esta solução pareceu muito errada, pois pegamos o caminho das pedras, gastamos energia, tempo e dinheiro com uma coisa que poderia ter sido adquirida com um custo muito menor e com uma maturidade maior.

Porém hoje, no terceiro ano utilizando nossa plataforma e em sua segunda versão, percebemos que todo o trabalho foi recompensado. Não moldamos a nossa empresa a uma plataforma, moldamos a plataformas ao Eu Compraria! e hoje isso é importante para a gente. E com a maturidade do sistema, finalmente consigo deixar meu ego de lado na hora de novas implementações e posso focar minha energia em buscar novas oportunidades e melhorar outras áreas da empresa.

Vamos deixar o “ego de desenvolvedor” de lado quando a gente for tomar decisões de negócio?


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