CONCEITOS DE DESIGN
Antes de entrarmos em por menores sobre as definições de design, achei interessante refletirmos sobre esta classificação de significados proposta por Frank Spiller, embora simplória, uma abordagem ousada e objetiva. Frank Spiller apresenta quatro classificações de Design, quanto aos significados, fazendo uma analogia com mente, coração, corpo e abordagens:
Design para a Mente – design que impacta nos processos cognitivos, incluindo interpretação e entendimento da experiência (Design da Interface do usuário, Arquitetura da informação e Design da interação).
Design para o Coração – design que impacta nos processos sensoriais, incluindo sentimentos e qualidades afetivas ou emocionais da experiência (Design gráfico, Design interativo e Design emocional).
Design para o Corpo – design que impacta nos processos antropomórficos, incluindo o contexto social e físico da experiência (Design industrial).
Abordagens/Metodologias Holísticas – Design centrado no usuário, Design da experiência do usuário, Design da experiência.
Definições de Design
Segundo Amstel, Design é um desses termos que vem alargando seu significado progressivamente nas últimas décadas. Hoje, estratégia de negócios é design, organização de informações é design, decorar ambientes é design, cortar cabelo é design… tudo virou design!
Ao invés de tentar conter o alargamento e censurar a utilização do termo “design” para qualquer coisa que não seja um projeto profissional, acho mais interessante tentar entender porque outras pessoas estão se apropriando do termo e o que elas querem dizer com ele.
O termo “design” pode ser usado em, pelo menos, três sentidos: um processo específico de projeto, o resultado do processo e um conhecimento sobre o processo.
No mercado de produtos industrializados, design é utilizado como um atributo. O produto que tem design é um produto diferenciado, de qualidade, especial. A qualidade enfatizada se restringe ao nível formal do produto: ou é um design moderno – denotando uma referência estética específica, ou é um design ergonômico – denotando uma forma que proporciona melhor conforto ao corpo humano. Especificações técnicas e praticidade de uso são colocados como equivalentes ao termo design, ou seja, o processo de design é desconhecido.
Nos serviços, a noção é um pouco mais abrangente. O resultado não é por acaso; ele é fruto de um processo específico que o anteviu e procurou controlar.
Por isso, são considerados aspectos que interferem no resultado, mas que estão além dos atributos do produto, como as culturas, as normas sociais, as referências estéticas, as linguagens e etc. A partir do conhecimento sobre a situação, são criadas propostas para a mudança da situação no sentido almejado. Design é visto, portanto, como meio para atingir um fim.
Porém, existe algo além da abordagem instrumental para o design. Design também é uma forma particular de ver o mundo. A sociedade em que vivemos só é possível pela mediação que os artefatos proporcionam entre as pessoas.
O ambiente é projetado, os objetos são projetados, as idéias são projetadas, a vida é projetada, tudo é projetado. Visto assim, podemos tratar tudo como projeto e aplicar as competências do design para recriar o mundo. Segundo Victor Lombardi, são características do design: 1) a colaboração com múltiplos interessados no projeto; 2) a criação de novas possibilidades através do método abdutivo (tentativa e erro); 3) a experimentação crítica com protótipos; 4) a atenção para a particularidade; 5) a percepção dos sistemas sócio-técnicos; 6) a interpretação da situação através de um ponto de vista pró-ativo. Sendo assim, design não é só processo, mas também estratégia, política e metodologia.
Se as pessoas dizem que design é tudo isso, porque dizer que design é menos do que isso? Porque restringir a um tipo específico de design, se podemos perceber similitudes entre tais diferentes interpretações do termo? Talvez o termo “design” esteja se alargando porque o próprio Design como área do conhecimento humano esteja também se alargando. A presença do design na sociedade está sendo cada vez mais percebida e repensada por outras áreas; design está sendo visto como uma das poucas áreas capazes de lidar com a complexidade da vida moderna; a unidade na diversidade de fundamentos que alicerçam o design tornam-o plenamente inclusivo e ao mesmo tempo coerente. Precisamos, portanto, de uma definição elástica de design; tão abrangente e, ao mesmo tempo, específica como a definição do concreto em Karl Marx. Design é – ou pode ser – a síntese das múltiplas definições de design.
Fonte: Frederick van Amstel – Portal Usabilidoido
O quadro abaixo representa alguns conceitos de design registrados por alguns autores, administradores, políticos e empresários.
Conceitos de Design
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Fonte
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O designer é o profissional capacitado a aumentar a competitividade das empresas, criando nichos próprios e definindo, por meio de soluções que visem a funcionalidade, qualidade, segurança, conforto e imagem diferenciada de produtos e serviços.
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Marcelo Alencar
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Design é um processo criativo que soma raciocínio e intuição.
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Sottsass, E. 1979
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Design é a parte mais importante da inovação, o momento quando um novo objeto é imaginado, esquematizado e ganha forma.
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Aubert (1982) Apud Walsh, V. 1996
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O Design é um processo interdisciplinar, que pode envolver engenheiros e arquitetos, designers industriais e gráficos, incluindo também um trabalho conjunto com os setores de pesquisa, marketing e fabricação, cujos interesses devem ser conciliados.
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Lawrence, P. 1991
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Design é um processo criativo de definição e solução dos atributos de um produto, serviço de forma a atender as necessidades de seus usuários. Tal processo é fundamentalmente baseado em fatores tecnológicos e funcionais.
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Juran, 1992
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Design é um processo de tomada de decisões realizado de forma interativa e sob incerteza, no qual é obtida a especificação de um artefato que possibilita sua produção.
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Miles & Moore, 1994
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O Design descreve o processo de seleção de formas, materiais e cores para estabelecer a forma de alguma coisa a ser feita. O objeto pode ser uma cidade ou vila, um prédio, um veículo, uma ferramenta ou qualquer outro objeto, um livro, uma propaganda ou um cenário. O Design é uma atividade que forma uma parte importante da realidade conforme a experimentamos.
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Pile Apud Manu, A., 1995
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Design não é uma arte ou uma ciência, um fenômeno sócio-cultural ou uma ferramenta de trabalho. É um processo inovador que usa informação e conhecimento de todas estas áreas do conhecimento.
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Boutin, A. & Davis, Apud Manu, A., 1995
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Significa tantas coisas diferentes: um processo um meio para promover as vendas e um estágio na linha de produção. Ele realça produtos e os vende; resolve problemas e os converte em idéias; é artístico e comercial, intelectual e físico. Esta qualidade multifária, ou ambigüidade, é algo com o que precisamos aprender a viver, como um fato historicamente indiscutível.
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Huygen, F., Apud Manu, A, 1995
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Denomina-se design qualquer processo técnico e criativo relacionado à configuração, concepção, elaboração e especificação de um artefato. Esse processo normalmente é orientado por uma intenção ou objetivo, ou para a solução de um problema. Exemplos de coisas que se podem projetar incluem muitos tipos de objetos, como utensílios domésticos, vestimentas, máquinas, ambientes, e também imagens, como em peças gráficas, famílias de letras, livros e interfaces digitais de softwares ou de páginas da internet, entre outros. Design é também a profissão que projeta os artefatos. Existem diversas especializações, de acordo com o tipo de coisa a projetar. Atualmente as mais comuns são o design de produto, design visual, design de moda e o design de interiores. O profissional que trabalha na área de design é chamado de designer. Finalmente, o design pode ser também uma qualidade daquilo que foi projetado. O termo deriva, originalmente, de designare, palavra em latim, sendo mais tarde adaptado para o inglês design. Houve uma série de tentativas de tradução do termo, mas os possíveis nomes como projética industrial que acabaram em desuso.
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Wikipédia, A Enciclopédia Livre.
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Design é, antes de tudo, um método criador, integrador e horizontal. O designer tem uma abordagem e uma experiência multidisciplinares. Ele é o especialista de um trabalho específico para a análise e para a resolução de problemas ligados ao desenvolvimento de um novo produto. Embora não domine a universalidade das competências da vida socioeconômica, quanto mais está por dentro das diferentes facetas dessa vida, mais conhece suas evoluções, suas potencialidades e melhor é a qualidade dos resultados que pode oferecer. Freqüentemente, este designer é visto como um “artista” que faz belos artefatos, mas esta visão de design limitado à linguagem estética é muito redutora. Se não é o caso de criar um objeto sem dar grande atenção a sua beleza, é preciso que o aspecto deste objeto comunique alguma mensagem, permitindo ao comprador identificar as características e as qualidades do que ele adquire, em função dos seus próprios desejos e aspirações.
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Schulmann (1994),
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Design como a atividade intelectual de projetação com características multidisciplinar e interdisciplinar. O design consiste na concepção de produtos como forma de resolução de problemas técnicos, ergonômicos, sociais, mercadológicos e produtivos. O produto do design visa atender as necessidades do homem, e o meio de expressão do designer é a forma, ou seja, aquilo que transmite ou constitui informação. Possui 2 habilitações. A primeira, projeto de produto, trabalha com os aspectos tridimensionais do produto, interação visual, tátil, função de uso, operação e compreende as atividades ligadas ao desenvolvimento de produtos industriais nas áreas de bens de capital. A segunda, programação visual, trabalha com os aspectos bidimensionais do produto, interação visual e perceptiva, visando o desenvolvimento de elementos de informação visual em mídia impressa, digital e eletrônica.
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Hiratsuka (1996)
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A origem imediata da palavra “design” está na língua inglesa, referindo-se tanto à idéia de plano, desígnio, intenção quanto à de configuração, arranjo, estrutura (e não apenas de objetos de fabricação humana). A origem mais remota do termo “design” está no latim designare, verbo que abrange os sentidos de designar e de desenhar.
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Denis (2000)
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Quadro 1 – Conceitos em Design apresentados por autores em administração, empresários e políticos. (SCHIAVO apud MARTINS, 2008). Adaptado por Daniel Quintana Sperb
O problema etimológico
Em inglês, a palavra design pode ser usada tanto como um substantivo quanto como um verbo. O verbo refere-se a um processo de dar origem e então desenvolver um projeto de algo, que pode requerer muitas horas de trabalho intelectual, modelagem, ajustes interativos e mesmo processos de re-design. O substantivo se aplica tanto ao produto finalizado da ação (ou seja, o produto de design em si), ou o resultado de se seguir o plano de ação, assim como também ao projeto de uma forma geral.
O termo inglês é bastante abrangente, mas quando os profissionais o absorveram para o português, queriam designar somente a prática profissional do design. Era preciso, então, diferenciar design de drawing (ou seja, o projeto diferente do desenho), enfatizando que a profissão envolvia mais do que a mera representação das coisas projetadas. Na língua espanhola também existe essa distinção: existem as palavras diseño (que se refere ao design) e dibujo (que se refere ao desenho).
Estudos etimológicos de Luis Vidal Negreiros Gomes indicam que também no português existiam essas nuances de significado, com as palavras debuxo, esboço e outras significando o mesmo que debujo e desenho comportanto toda a riqueza de significados do diseño. O arquiteto brasileiro João Batista Vilanova Artigas, em um ensaio intitulado O desenho, faz referências ao uso durante o período colonial da palavra desenho com significado de desejo ou plano.
Na Bauhaus, adotou-se a palavra Gestaltung, que significa o ato de praticar a gestalt, ou seja, lidar com as formas, ou formatação. Quando traduzida para o inglês, adotou-se "design", já usada para se referir a "projetos".
No Brasil, com a implementação do primeiro curso superior de design, por volta da década de 50, adotou-se a expressão "desenho industrial", pois à época era proibido o uso de palavras estrangeiras para designar cursos em universidades nacionais. O nome "desenho industrial" foi assim pensado porque refere-se à prática de desenhar, esboçar e projetar algo que será reproduzido posteriormente em escala industrial. A disputa por uma nomenclatura para a profissão se estendeu por décadas. Atualmente tanto a legislação do MEC para cursos superiores, quanto várias associações profissionais usam o termo design, por entenderem que este sintetize melhor a essência da prática profissional, além se ser uma palavra menor e que já faz parte do saber popular.
Contudo, no Brasil, a nomenclatura "desenho industrial" mantém-se em uso atualmente, sobretudo entre os cursos de design em instituições públicas de ensino superior. Porém o termo "desenhista industrial", já não segue o mesmo rumo, pois cada vez mais cai no desuso, dando lugar ao termo inglês "designer".
O já citado Vilanova Artigas tentou resolver a questão propondo a palavra desígnio como sendo a tradução correta de design, pois dessa forma, este apresentaria diferenças do simples "desenho". Apesar de ser desenho, o design possuiria algo mais: uma intenção (ou desígnio). Entretanto, apesar das pesquisas realizadas pelo arquiteto, sua proposta não foi adotada. Porém, Artigas considera legítimo também o uso da palavra "desenho" como tradução de design, devido ao seu contexto histórico: Artigas explora os significados da palavra desenho e vai até o Renascimento, quando o desenho possuía um conteúdo mais abrangente que o mero ato de rabiscar.
Outra proposta de nomenclatura era o neologismo projética, proposto por Houaiss, que também não foi adotada.
Fonte: Wikipédia, A Enciclopédia Livre.
O uso da palavra em outros contextos
Na filosofia o substantivo abstrato design refere-se a objetividade, propósito, ou teleologia. O conceito é bastante moderno, e se interpõe entre idéias clássicas de sujeito e objeto. O design é então oposto a criação arbitrária, sem objetivo ou de baixa complexidade.
Recentemente o termo passou a ser empregado em discussões religiosas, quando foi proposta uma lei que obrigaria as escolas americanas a apresentar o argumento do design inteligente como uma alternativa à teoria da seleção natural de Darwin. O argumento sustenta que alguns aspectos do universo e da vida são complexos demais ou perfeitos demais para se originarem sem uma inteligência criadora.
No Brasil, os desenhos industriais tem a proteção regulamentada na Lei 9.270/96 mais precisamente no art. 94. É importante ressaltar que deve ser um resultado visual novo para que tenha a referida proteção na legislação brasileira.
Fonte: Wikipédia, A Enciclopédia Livre.
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FONTE: Daniel Quintana Sperb – http://dqsperb.wordpress.com/
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