Pedale como uma garota

Tradução do texto Ride Like a Girl da Nikki Lee publicado no Medium


Pedale como uma garota

Andar de bicicleta é terrivelmente parecido com ser uma mulher

Inspirada em uma conversa com Andy Mangold.

Você já quis saber como é ser uma mulher? Vá pegar sua bicicleta.

(Eu te encorajo a usar um capacete também, mas existe um grande debate sobre isso.)

Tudo pronto? Ótimo. Vá pedalando até o trabalho. Pedale em todos os lugares.

Talvez você tenha percebido que carros são um pouco assustadores. Eles são mais ou menos assustadores dependendo de onde você mora – se você mora em uma rua legal e calma em Seattle, os motoristas vão te dar espaço e te esperarão, pacientemente. Em outros lugares, motoristas vão tentar te tirar da pista. E não importa onde você esteja, você sabe que os carros ao seu redor podem te ferrar se alguma coisa sair errada.

Bem vindo a ser vulnerável às pessoas a sua volta. Bem vindo a ser a exceção, não a regra. Bem vindo a não estar no comando.

Se um desses carros bate em você, você provavelmente vai ser o culpado. A polícia vai presumir que você estava pedalando sem segurança, e o que você deveria ter feito para se proteger melhor. O motorista provavelmente não vai ser punido. Se acontecer alguma coisa a ele ou ela, será uma punição leve.

Quando você se machucar, será sua culpa. Você deveria ter sido mais cuidadoso. Você deveria ver onde você estava indo. Se você tivesse ao menos ficado em um lugar adequado, isso não teria acontecido. Você pode tentar argumentar, mas você provavelmente será desconsiderado.
Talvez você devesse ter um capacete com câmera e gravar cada segundo em que você está na sua bicicleta, assim você terá provas irrefutáveis se alguma coisa acontecer.

Outras pessoas podem te machucar e não levarem a culpa por isso.

Não fique paranóico, não é como se você fosse sofrer um acidente de carro todos os dias. Talvez nada de mal vai te acontecer! Talvez esses outros ciclistas, esses que se envolvem em acidentes, são apenas imprudentes e perigosos. É culpa deles. Se você for cuidadoso o suficiente, nada de mal acontecerá a você.

Garanta que você vai se manter distante. Explique aos motoristas que você “não é como a maioria dos ciclistas” e que você “não gosta de sair com outros ciclistas”. Não pedale com outras pessoas, para que ninguém pense que você é como um desses ciclistas.

Sua bicicleta nunca será um carro, mas você pode fingir.

Quando você está pedalando, coisas pequenas ganham uma proporção bem maior. Você percebe uma diferença de altura no chão de apenas 2%. Aquele vidro no chão passa de banal para um risco de baixo grau. Poluição, poeira e fumaça sufocam seus pulmões. Algumas vezes os carros espirram água de chuva, ou lama, ou pedras em você. Bichinhos entram no seu nariz e boca. Você nem sempre consegue apertar o temporizador dos semáforos e tem que esperar ciclos extras para poder seguir (ou furar o farol vermelho).

Em lugares com uma boa infraestrutura para ciclistas, é realmente fácil de se locomover tão eficientemente quanto em um carro. Mas a maioria das cidades não tem isso. Esses ambientes apenas não são construídos para você, eles são construídos de uma maneira a te excluir ativamente.

Esses são apenas alguns dos milhares de microagressores ambientais que você não tem que lidar quando você está sentado atrás do volante de um carro. Um indivíduo qualquer não é importante, e muitos ciclistas não prestam atenção ativa a eles no geral. Depois de um tempo você aprende apenas a lidar com isso, porque listar esses pequenos aborrecimentos serve mais para te fazer sentir mal.

No final do dia, você pode sempre pendurar seu capacete e declarar que viajar diariamente de bicicleta é “uma boa ideia no geral, mas apenas não compensa”. 

 E se você não tiver escolha?


Tradução e revisão: Bianca Brancaleone e Rina Pri

Traduzido e publicado com autorização da autora.


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