A massificação da internet ajudou a construir o que Marshall McLuhan chamou de “aldeia global” ainda nos anos 1920. A ideia, na época, era de que os meios de comunicação ajudavam a formar uma rede que interligava os países. A criação do conceito surgiu a partir do advento do rádio, mas o que não se imaginava naquele momento era que, cerca de 80 anos depois, as pessoas teriam acesso a conteúdos e conhecimentos de todo o mundo que estariam disponibilizados numa única plataforma.
A revolução criada nem sempre é sentida, mas números demonstram que a internet é cada vez mais popularizada. Atualmente, o Brasil é o país com o quinto maior número de internautas, somando cerca de 81,3 milhões de pessoas (a partir dos 12 anos), de acordo com o F/Nazca, e 78 milhões segundo o Ibope/Nielsen (a partir de 16 anos). Já a Fecomércio do Rio de Janeiro aponta que o número de brasileiros conectados subiu de 27% para 48% entre 2007 e 2011.
Estas pesquisas mostram que os brasileiros não somente têm acesso à internet, mas também aos livros digitais, um dos setores em expansão no mercado virtual. Hoje o Brasil lança aproximadamente 50 mil novas obras a cada ano, sem contar os títulos internacionais que também estão disponibilizados na rede.
No entanto, os leitores virtuais nem sempre procuram o mesmo conteúdo que poderiam encontrar nos livros físicos. A possibilidade da interatividade vem modificando a linha editorial, com o objetivo de estimular os jovens e crianças a ler. Tanto isto é verdade que, em meados do mês de março, foi anunciado oficialmente o fim da edição em papel da Enciclopédia Britânica, uma das mais tradicionais do setor, com 244 anos de existência (lançamento em 1.768, em Edimburgo, no Reino Unido). O motivo seria o alto custo da coleção completa (cerca de US$1.395,00) e a concorrência de sites de busca e de junção de conhecimentos, como o Google e a Wikipedia, por exemplo.
Portanto, para sobreviver ao mercado editorial atual, é necessário que as obras lançadas tenham um atrativo a mais para os leitores. Algumas ideias que já estão sendo aplicadas no Brasil são a gravação de voz (no meio da história ou mesmo os audiobooks), autógrafo digital, movimentos animados, games que envolvem os personagens da obra, vídeos que apresentam o autor e espaço exclusivo para comentários dos leitores.
Esta interatividade é justamente o que justifica a colocação de obras na internet, veja por exemplo Alice no País das Maravilhas para iPad. No entanto, algumas editoras ainda precisam se adequar à nova plataforma que está sendo oferecida e que está em constante mutação. Vale lembrar do uso dos tablets e e-readers, que já estão mudando a forma de leitura não só de livros, mas também de jornais e revistas.
Não se pode dizer que o formato em papel vá acabar. Os saudosistas continuam existindo. Mesmo assim, com certeza os livros e o mercado editorial sofre mutação e precisa se adequar a uma nova realidade, onde os consumidores têm acesso a uma informação rápida através de sites de busca. Cabe aos livros, portanto, oferecer informações e possibilidades adicionais aos leitores, ocasionando uma alteração na forma de leitura, mas sem acabar com o hábito em si.
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