Trabalho com web há três anos. Nessa trinca já participei de inúmeros projetos, uns legais, outros medianos e vários horríveis. O que vou relatar nessa carta são atitudes e decisões que me incomodam como desenvolvedor. O intuito é que vocês, empreendedores, enxergam o outro lado da moeda.
Opa! Meu nome é Luiz Fernando, mas pode me chamar de Fernahh (ferná!). Meu primeiro trabalho para um de vocês, empreendedores, foi em 2012. Desde então, venho lendo sobre o assunto, participando de congressos, assistindo palestras e, o mais importante, desenvolvendo startups.
Hoje me considero um empreendedor. Porém, escrevo aqui como um mero desenvolvedor. Sim, muito de vocês nos tratam dessa forma. Apenas mais uma peça que não faria diferença comparando com as ideias que vocês tiveram. Afinal, existem inúmeros programadores nesse mundo globalizado. O produto a ser desenvolvido, segundo a visão de vocês, é único e inovador. Ai de quem diga o contrário. Eis aqui minha primeira frustração com vocês: nunca ser ouvido a respeito de ideias que serão implementadas.
Acredito que a maioria de meus colegas pensa como eu. Gostamos de nos sentir autônomos. Mergulhar no projeto. Participar ativamente do projeto.
Programar exige criatividade e pessoas criativas não podem ser limitadas há uma lista de tarefas jogada goela abaixo, muito menos há horários fixos. Já saí inúmeras vezes do trabalho e fiquei o resto da noite pensando em uma implementação. Nosso cérebro não se limita a pensar 8 horas por dias. Além de todos esses motivos, consultar sua equipe de desenvolvedores vai te dizer o que é e não é possível de ser implementado. As melhores ideias que tive nos projetos que participei foram através de discussões com o gerente de produto.
“Eu sou o chefe. Eu tive essa ideia. Eu estou pagando você. Faça o que eu quero.”
Não aceitar a opinião de um desenvolvedor ou ao menos nem ouvi-la é o mesmo que pegá-lo pela mão e levar até a porta da rua. Por mais que vocês paguem bem, a produtividade não é movida a dinheiro e sim a satisfação e prazer de estar fazendo o que gosta.
Faça o mínimo possível e coloque em produção
Menos é mais não se aplica apenas ao design, à massividade de código também. Ficar programando um produto por mais de quatro meses sem ir para produção é muito entediante. As vezes, desmotivador pra caramba. Se tratando de startup, posso fazer uma lista de razões baseadas nesse assunto para vocês concordarem comigo:
- Lançar o “core” do projeto além de deixar os envolvidos empolgados com o produto em produção, é um dos princípios do lean startup, testar seu produto com os usuários, validar suas ideias e baseado nesses resultados, planejar as próximas tarefas a serem feitas.
- Começar desenvolvendo o produto por etapas e colocá-las em produção pode evitar tarefas desnecessárias. Logo, menos desperdício de tempo, menos gasto e menos desgaste de sua equipe.
- Todo ser humano tem um deadline em relação a sua empolgação com determinada ação. Programadores também são assim. Esse tempo é curto.
Estes são apenas alguns pontos. Não há porquê buscar um produto perfeito se tratando de startup. Você não sabe se seu principal usuário realmente quer seu produto. Vá validando com ele. Trate seu produto com um beta eterno.
Foque no presente
Vocês não sabem se suas ideias irão dar certas. Não banquem a Mãe Diná e foque no desenvolvimento do produto. Caso ainda não saibam, uma das características de uma startup é ter um futuro incerto. Não estou dizendo isso para desencorajar vocês. Estou falando isso para focarem seu plano de negócio no desenvolvimento do produto.
Foquem nos desenvolvedores. Sem eles não há produto. Sem produto não há futuro.
Ser lunático por uma ideia só prejudica o seu bolso. Se ninguém topar desenvolver sua ideia, talvez é porque ela não seja boa o bastante para sair do papel.
Admita seus erros
Não há nada mais irritante que empreendedor que fica insistindo em uma ideia que foi validada com usuários, repensada e mesmo assim insisti não estar errado. Ficar inventando ideias e mesclando elas a um único produto não funciona.
Não aclope todas as ideias que virem no mesmo produto. MENOS É MAIS! Por mais higiênico que um desenvolvedor seja, produtos grandes correm um risco enorme de virarem um frankenstein.
Errar faz parte. Acertar é exceção. Empreendedores de sucesso são os que acertaram e provavelmente aceitaram seus próprios erros no passado. Seja uma exceção. Admita seus erros para acertar no futuro. Afinal, aprendemos com nossos próprios erros.
Um abraço,
Luiz Fernando Rodrigues.
Canela, RS, 7 de Novembro de 2013.
ps: um salve pro @rodrigowillrich que teve a ideia do code snippet da imagem do post.
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